Atualmente, já muito se tem escrito sobre a Indústria 4.0, mas ainda pouco sobre a rastreabilidade unitária e Poka-Yoke, bem como sobre a transformação digital e inteligente do tecido empresarial português.
A maioria dos artigos centra-se em técnicas de recolha de dados de fábrica, ou seja, em:
- conhecer, em tempo real, o estado das máquinas;
- identificar as quantidades produzidas;
- saber o tempo investido em processos de fabrico;
- identificar os defeitos das unidades produzidas.
Por outro lado, os projetos mais complexos exigem a integração de soluções MES (Manufacturing Execution System) com recursos produtivos, para:
- transferência de ordens;
- recolha de parâmetros dos processos;
- rastreabilidade unitária dos produtos e componentes envolvidos na produção.
E é precisamente neste último ponto que iremos centrar o nosso artigo de hoje.
A atualidade da Indústria 4.0, Qualidade e Rastreabilidade unitária
Os nossos clientes comentam-nos que mais de 80% das queixas de qualidade que recebem são devidas às seguintes questões:
- o lote não está bem identificado e a referência é diferente da indicada na embalagem;
- o lote não está completo e faltam peças – muito embora existam separadores moldados para as peças;
- o lote contém peças diferentes, quando deveriam ser todas iguais;
- o código da peça não está correto;
- os números de série das peças estão repetidos.
Para evitar estas reclamações, as empresas têm de desenvolver, muitas vezes, tarefas sem valor acrescentado, mas cuja não implementação implicará certamente custos elevados – tais como: revisão unitária das peças do lote, para a qual é imprescindível conseguir identificar cada um dos produtos através de uma rastreabilidade unitária.
Uma parte do problema é que, as etiquetas necessárias para a identificação das peças são impressas no escritório aquando a emissão da ordem de produção. Em seguida, essas etiquetas são levadas para o posto de trabalho para serem aplicadas nas peças. Por regra, são impressas mais etiquetas do que o necessário (desperdício). Em consequência, as etiquetas acabam por se acumular no posto de trabalho, o que faz com que, com alguma facilidade, o operador possa cometer algum erro na colocação de etiquetas nas peças fabricas. Ou ainda, quando, por exemplo, há uma mudança de peça, o operador pode erradamente continuar a etiquetar com a referência anterior.
Muitas empresas da Indústria 4.0 e em processo de transformação digital utilizam diferentes tecnologias para a rastreabilidade unitária de peças.
Tecnologias de rastreabilidade unitária
Hoje em dia, existem diversas tecnologias no mercado no âmbito da rastreabilidade unitária.
Etiquetagem
Esta é a tecnologia mais comum e consiste em colocar uma etiqueta na peça. Esta etiqueta pode ser fixada:
- manualmente – pelo operador;
- automaticamente – através da integração do sistema MES com a automatização do processo de fabrico.
Marcação direta na peça
Nos últimos anos, esta tecnologia evoluiu significativamente.
Os primeiros sistemas utilizavam jato de tinta, que ainda é utilizada em muitos sectores. Mais tarde, surgiram as técnicas de micropercussão. A tecnologia de marcação direta por micropercussão ou marcação por pontos permite a criação de marcas, com profundidade ajustável, em todos os tipos de materiais: metais, ligas e plásticos duros. Esta marcação faz-se com uma ponta oscilante, que incide diretamente sobre o material e gera todo o tipo de caracteres por via dos impactos consecutivos de pontos a alta velocidade: textos, datas, números, símbolos, logótipos e códigos Datamatrix para aplicações de identificação automática de componentes. As mais recentes tecnologias utilizam a gravação a laser, que se pode utilizar sobre todo o tipo de materiais, permitindo uma elevada resolução e velocidade de execução.
RFID
É um sistema de identificação automática, que utiliza semicondutores e microeletrónica. A leitura faz-se através de ondas de rádio, não necessitando de contacto direto. É muito versátil e aplicável a uma grande variedade de situações.
Os dispositivos podem conter a mesma informação de identificação de um código de barras ou ainda conter, de forma rigorosa e fiável, outros dados relevantes digitalizados sobre a peça ou atividade: características, componentes, estado, conservação, localização, estado, dados sobre a transferência, transporte – entre outros.
Otimização da produtividade através da Rastreabilidade unitária e Poka-Yoke
Todas estes problemas poderão ser facilmente debelados e ainda promover a otimização da produtividade através da integração das tecnologias de rastreabilidade unitária na linha de produção ou Poka-Yoke.
Este sistema, com base no posto de trabalho, tem a vantagem de se marcar ou colocar a etiqueta na peça à medida que sai da máquina de produção ou de um Poka-Yoke – o que diminui o erro humano no processo de marcação ou colocação da etiqueta na peça correta.
A peça é marcada ou etiquetada no local, uma vez que não há etiquetas pré-impressas no posto de trabalho.
No âmbito deste tema, recomendamos-lhe, ainda, a leitura de outros artigos que já publicámos:
- Mais além da Rastreabilidade e Poka-Yoke
- Controlar a rastreabilidade dos produtos na sua fábrica – porquê?
- Como melhorar a gestão da rastreabilidade dos seus produtos?
- 6 Problemas que podem surgir na sua fábrica sem um sistema MES
- Como medir e melhorar os seus processos produtivos através de um sistema MES
- Fábrica Visual e Inteligente: gerir, controlar e monitorizar a sua fábrica em tempo real
- Eficiência produtiva: como maximizar o OEE através de um sistema MES
- O que é o OEE? Como se calcula o OEE? Como otimizá-lo?
- OLANET: o sistema MES para a gestão, controlo e monitorização de fábricas em tempo real
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