No artigo de hoje, iremos abordar o conceito de OEE ou Overall Equipment Effectiveness e de que forma os sistemas APS ou Advanced Planning and Scheduling têm a capacidade de otimizar este indicador.
Conceitos essenciais no âmbito do Planeamento da Produção: OEE e APS
Em primeiro lugar, apresentamos em seguida a definição de cada um destes termos: OEE e APS.
OEE ou Overall Equipment Effectiveness
O OEE ou Overall Equipment Effectiveness é uma métrica utilizada para medir a eficiência operacional dos equipamentos, considerando 3 variáveis:
- Disponibilidade: tem em consideração as perdas devidas a paragens da linha de produção – programadas ou não programadas;
- Desempenho: considera as perdas derivadas das máquinas funcionarem abaixo da sua capacidade total;
- Qualidade: inclui as perdas devidas à produção de unidades defeituosas.
APS ou Advanced Planning and Scheduling
Um sistema APS ou Advanced Planning and Scheduling diz respeito a ferramentas que simulam o processo produtivo a capacidade finita (considerando todos os recursos e restrições), com o objetivo de definir o plano de produção.
Quais as características dos sistemas APS?
Resumidamente, as soluções APS caracterizam-se por:
- Simulação – da produção, recursos, limpezas, disponibilidade de materiais, previsões de abastecimento, mão-de-obra necessária (e a real), manutenção preventiva e tudo o que afete o processo produtivo; assim, o plano de produção gerado corresponderá o mais possível à realidade;
- Otimização Avançada – do processo, tendo em conta todos os elementos anteriores – aos quais se acrescentam as prioridades definidas e incidentes que ocorram;
- Algoritmos sofisticados – que podem ser parametrizados para dar prioridade a algumas variáveis em detrimento de outras durante o processo de otimização;
- Flexibilidade e adaptabilidade – o plano de produção obtido pode ser facilmente modificado, para se efetuarem os ajustes necessários; por exemplo: quando surge uma encomenda urgente do melhor cliente da empresa.
Como prever o OEE?
Um objetivo incontornável do processo produtivo é que o OEE seja o mais elevado possível.
De facto, quanto mais tempo os recursos estiverem a produzir corretamente, mais elevada será a produção e será possível alcançar melhores resultados para a empresa.
Evidentemente, este será o objetivo ideal – que, dependendo do setor, irá implicar igualmente o controlo de outros fatores, tais como: serviço ao cliente, cumprimento de prazos, evitar entregas urgentes (ou penalizações), evitar a subcontratação ou minimizar as horas extraordinárias, entre muitos outros.
Em concreto, o OEE refere-se aos valores resultantes da produção – uma vez que as variáveis utilizadas correspondem ao que aconteceu na realidade.
De facto, das 3 variáveis em referência, o Desempenho e a Qualidade apenas podem ser obtidas através da produção. No entanto, a variável que mais afeta o processo produtivo diz respeito à Disponibilidade – e é precisamente sobre este indicador que será necessário investir todos os esforços.
E é precisamente neste âmbito que as ferramentas APS são fulcrais para manter elevado o tempo dedicado à produção (Disponibilidade); e, no caso de ser necessário tomar uma decisão que afete esta disponibilidade, poder fazê-lo com todos os dados de impacto necessários. Ou, por outras palavras, tomar a decisão tendo em conta o que se irá fazer e qual o seu respetivo impacto. No fundo, a única forma de prever como essa(s) medida(s) afeta(m) o negócio na sua globalidade.
Neste âmbito, apresentamos o seguinte exemplo:
Etapa 1 – Todas as ordens de produção (sem otimização)
Na análise das Ordens de Fabrico, se se incluírem novas encomendas recebidas (sem otimização), as métricas serão as seguintes – por exemplo:
Muito embora os indicadores não sejam negativos, é possível constatar imediatamente que, a sequenciação não é muito produtiva e assinala muitos tempos de preparação e alterações evitáveis (indicados a vermelho).
Etapa 2
Neste momento, é possível otimizar o processo aplicando as regras APS – neste caso, priorizando a produção. Em consequência, não só os tempos de preparação diminuíram, como também as taxas de ocupação aumentaram, melhorando simultaneamente a capacidade de cumprimento dos prazos de entrega.
Etapa 3
Tomemos como exemplo a seguinte situação: o nosso melhor cliente pede-nos para antecipar a OF 0001/PF1632, de sexta-feira, dia 07, para segunda-feira, dia 01 – esta alteração é efetuada manualmente; em consequência, como a alteração foi efetuada no mesmo equipamento produtivo, apenas provocou um atraso global nas entregas.
Ou ainda: e se fosse necessário efetuar uma manutenção preventiva, seria obrigatório parar a produção durante um dia inteiro? Quais as consequências?
Em seguida, simulamos a paragem da produção durante um dia – o que dará origem a novos indicadores:
Aplicando novamente as regras de otimização, é possível obter um novo cenário melhorado, com os seguintes KPIs.
Assim, conseguimos perceber o impacto que esta situação terá não só na produtividade, como também nas encomendas em atraso. É possível parar agora ou será necessário definir outra data?
OEE & Sistemas APS: conclusões finais
Em conclusão, as ferramentas APS permitem não só otimizar a produção, como também prever o impacto de cada mudança na produtividade e nos restantes KPIs ou indicadores – e, assim, no OEE.
Desta forma, as empresas terão a possibilidade de incrementar, cada vez mais, a sua rentabilidade e competitividade rumo à Indústria 4.0.